domingo, 17 de abril de 2011

Quero uma ditadura para o meu ego

“Juventude perdida”; “Os jovens alienados de hoje em dia”. Que atire a primeira pedra a pessoa que, com menos de 25 anos, nunca ouviu um adulto falar isso. Proferidas por nossos pais, repetidas pelos nossos professores e endossadas por qualquer adulto, essas frases sempre chegam a nossos ouvidos.

Deles não podemos duvidar, têm uma bagagem de dar inveja: “Derrotamos uma ditadura”; “Passamos por um congelamento de preço e uma tremenda inflação”; “Sobrevivemos à crise do petróleo e à guerra fria”; “Acompanhamos o fim de um presidente e pintamos a cara para acompanhar o fim do outro também”; “Vimos o Brasil sorrir e cantar a liberdade no Rock in Rio”; “Te demos o voto, liberdade política, econômica, sexual, religiosa, tecnológica e você fica ai, nesse computador...”

Eu não posso falar nada. Eu nunca pintei a cara, nunca fiz reuniões secretas, nunca estoquei alimento com medo de o preço subir, nunca chorei pela morte de um presidente nem nunca deixei de fazer algo por não ter direito, eles fizeram isso por mim...

Dizem que o protesto da juventude de hoje, é pelo computador, isso até foi comprovado no Egito, mas aqui, nunca tivemos algo para ratificar. Motivos não faltam, somos da Era de Arruda, Zé Dirceu, Mensalão. Era onde Maluf, Tiririca e Enéias são eleitos como mais votados. Era em que Fernando Collor pode se reeleger sem problemas. Mas nós, nós nunca protestamos. Para que eu não vou curtir uma coisa, na internet, se eu posso curtir tantas outras no Facebook?

Nós somos a juventude de hoje em dia, nós é que temos que fazer a mudança. Não podemos esperar pelos nossos pais, eles já fizeram as deles. Precisamos nos mover, pensar. Cantar, compor, dançar, ler, gritar, falar e aprender a falar não, debater, nos informar, defender nossas opiniões e aprender a respeitar as dos outros. Protestar contra o que não queremos e a favor do que queremos. Pensar em mudar, pensar em nós, pensar em todos. Fazer jus à luta de nossos pais, às caras pintadas, à liberdade cerceada, ao pensamento fervente, ao protesto na Candelária, à mudança, fazer um brinde à mudança.

Chegou a nossa hora, fomos bem instruídos. Agora é só aplicar o que aprendemos.

Não precisamos de uma ditadura política, temos uma ditadura ideológica e não podemos nos acomodar, usemos os ensinamentos de nossos pais e lutemos contra aquilo que vai de encontro ao que prezamos. Caso contrário, o que ensinaremos aos nossos filhos?

A Juventude ainda não está perdida e apesar de não termos feito tudo aquilo que eles fizeram, “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.”

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